domingo, 27 de junho de 2010

Boas vindas ao Coragem

Bem vindo pequeno passarinho
Zezinho com todo seu amor
como quem ama tanto assim
Reclama.
Por hora
Bem vindo pequenino
mesmo que por alguns dias
Logo estará no calor
e amarão melhor do que eu
neste momento.


Meditação do dia

Sempre que houver alternativas tenha cuidado.
Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. 
Opte pelo que faz seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências.

"Esqueça essa história de QUERER entender tudo.
Em vez disso:VIVA!!!
Em vez disso:DIVIRTA-SE!!!
Não analise:CELEBRE!!!"

do grande e iluminado OSHO

sábado, 26 de junho de 2010

Confiança



Fazei o bem
sem olhar a quem!
Fazei o bem sem olhar a quem! 
Fazei o bem sem olhar a quem!
Fazei o bem 
sem olhar a quem! 
Fazei o bem 
sem olhar 
a quem!
Fazei o 
bem 
sem olhar a 
quem!
Fazei o bem  
sem olhar a quem!
Fazei o bem 
sem olhar a quem!





GAYATRI MANTRA

Calor
chega pertinho
me abraça
abraça mais que abraço

Amor
sintonia
pensamentos transbordam
se misturam
rosa com azul-verdeágua

Carinho
lobinho vem devagarinho 
aquietar sua alma em meu cobertor
sente. e sente tudo.
também sinto.

Um mantra.
Três atos no total.
Ó meu benzinho
e essa Lua
e esse céu
e essas estrelas
já sabia qual seria a resposta
mas queria fazê-la.
Já sabia.
Minha Lua é outra
meu céu dá outro tom
e estas estrelas me guiam para outro lado.
não é mais reflexo
não é mais recíproco
não tem mais poesia
-ou uma doce ironia cósmica

em forma de poesia.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Dois corações
que se encontraram com o meu.
Um no céu
-do amor
outro debaixo da árvore
-dos encantados.
Com tantos sonhos e encantamentos
só poderia nascer este Sarau.
Debaixo desta árvore
e em volta deste fogo
-com um esforço mágico
ele existiu.
E se fôssemos só nós
e a Lua
nos bastariamos, descobrimos.

Mas aos poucos os outros corações
foram aparecendo
e foi uma festa linda."


Como um beijo

Quando estamos assim
debaixo dessa árvore
na clareira dessa Lua
ao redor dessa fogueira
lendo essas poesias
junto a estas pessoas
morango vira beijo.

Mas acho que a melhor coisa que faço pelas pessoas é deixá-las serem.
minha responsabilidade é somente ser o que sou, e sei também que me cobram por isso.
E por isso se transformam junto comigo. porque sou. antes de mais nada. antes de nada.

se querem amar, que amem.
se querem odiar, que odeiem.
se querem ter ciúmes, que o tenham.
se querem ter inveja, que invejem.
se querem ficar perto fiquem, ou fiquem longe.
tenham suas experiências e se transformem.

E a forma mais rápida é não preservar.
é saber que sente.
é se abrir para sentir.
é deixar-se sentir por todo corpo
por toda a pele
é amar por dentro e por fora
odiar por dentro e por fora
chorar por dentro e por fora.

Não segure. Se fizer isso vai apanhar.
e vai apanhar. e não vai compreender.
tem que entrar para sair
e só sai depois que entra
e a gente é muito fracote
muito pequenininho
prá segurar uma coisa que é tão grande
maior do que a gente
que vem
transpassa
e sai
fluxoconstanteinfinitum
e a gente nisso
não é isso
e muito menos tá fora disso.

tudo junto ao mesmo tempo
tudo isso
é só isso.
"Sim, somos responsáveis por nossas ações.
Nosso tempo não está prá inocência assim mais
e inocência se tem consciência é covardia.
não seja covarde.
A confusão tira muita energia das pessoas que estão a sua volta.
Não as faça chorar
seja responsável por elas
pelas escolhas que estão sendo feitas
suas e a deles
não é culpa
mas responsabilidade."

"Olhe prá ela. Está nos seduzindo.
Com uma lua como essa
fica difícil termos toda responsabilidade
por nossos atos."

quarta-feira, 23 de junho de 2010

-Porque está chorando?
-Eu tô com muita dor de cabeça e de garganta.
Seguro sua mão olhando nos seus olhos chorões.
-Então tome mel. Peça para sua mãe comprar prá você um mel, mas daqueles que é a própria pessoa quem faz e vende.
Me olha atenta. Agora com olhos de quem me tá me dando muita atenção.
-E tome duas ou tres colheres bem cheias por dia. Melhor do que remédio. Você vai ver.
Surge um sorriso e já não há mais lágrimas.
Já saindo penso em reforçar a proposta e volto.
-Não esquece, tá?
Acena a cabeça.
Já não é mais a mesma carinha do começo da nossa conversa.
Já está melhor.
"Bom dia,
coraçãozinho dos outros."
...
Você tem toda razão.
existe sim, alma em todas as cousas.
tudo é alma.
Porém, algumas pessoas
exercem outras cousas
se não elas mesmas
e não se pode ver -de imediato
sua alma.

mas ela tá lá.

Aula da rua. Aula da alma

Distraída. Como de costume. No caminho, chegando.
-Oi dona!
-Oi. O que estão fazendo aqui?-dois olhares sapecas
-Faltei aula professora.
-Mas vocês estão, estão... -e olho para baixo
brincando de pipa!
soltando pipa!
-Aham! -risadinhas
-E vocês não tem aula comigo hoje?
-Não. Só amanhã
-Então tudo bem. Podem continuar.

Afinal

  Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.   
  Sentir tudo de todas as maneiras.   
  Sentir tudo excessivamente,   
  Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas   
  E toda a realidade é um excesso, uma violência,   
  Uma alucinação extraordinariamente nítida   
  Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,   
  O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas   
  Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.   
   
  Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,   
  Quanto mais personalidade eu tiver,   
  Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,   
  Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,   
  Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,   
  Estiver, sentir, viver, for,   
  Mais possuirei a existência total do universo,   
  Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.   
  Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,   
  Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,   
  E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.   
   
  Cada alma é uma escada para Deus,   
  Cada alma é um corredor-Universo para Deus,   
  Cada alma é um rio correndo por margens de Externo   
  Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.   
   
  Sursum corda!  Erguei as almas!  Toda a Matéria é Espírito,   
   
  Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos   
  Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho   
  E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!   
  Sursum corda!  Na noite acordo, o silêncio é grande,   
  As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam   
   
  Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos   
  Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.   
  Sursum corda!  Acordo na noite e sinto-me diverso.   
  Todo o Mundo com a sua forma visível do costume   
  Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,   
   
  Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.   
   
  Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço   
  Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!   
  Mãe verde e florida todos os anos recente,   
  Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,   
  Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis   
  Num rito anterior a todas as significações,   
  Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!   
  Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,   
  Grande voz acordando em cataratas e mares,   
  Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,   
  Em cio de vegetação e florescência rompendo   
  Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso   
  A tua própria vontade transtornadora e eterna!   
  Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,   
  Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,   
  Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,   
  Que perturba as próprias estações e confunde   
  Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!   
   
  Sursum corda!  Reparo para ti e todo eu sou um hino!   
  Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima   
  Volteia serpenteando, ficando como um anel   
  Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,   
  Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.   
  Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente   
  Meu coração a ti aberto!   
  Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,   
  Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,   
  Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,   
   
  Sou um monte confuso de forças cheias de infinito   
  Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,   
  A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une   
  E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim   
  Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,   
  Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira   
  Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,   
  Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.   
   
  Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.   
  Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,   
  No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo   
  Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos   
  Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.   
   
  Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,   
  Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo   
  De chamas explosivas buscando Deus e queimando   
  A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,   
  A minha inteligência limitadora e gelada.   
   
  Sou uma grande máquina movida por grandes correias   
  De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,   
  O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,   
  E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...   
   
  Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito   
  Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,   
  Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,   
  Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço   
  Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.   
   
  Dentro de mim estão presos e atados ao chao   
  Todos os movimentos que compõem o universo,   
  A fúria minuciosa e dos átomos,   
  A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,   
  A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,   
   
  A chuva com pedras atiradas de catapultas   
  De enormes exércitos de anões escondidos no céu.   
   
  Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio   
  De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.   
  Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,   
  Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,   
  Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,   
  Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,   
  Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,   
  Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,   
  Sobrevive-me em minha vida em todas as direções! 




Álvaro de Campos

terça-feira, 22 de junho de 2010

Madrugada e Pipocas

-Priscila eu quero te pedir uma coisa. Uma coisa muito séria.
...
-Quero te pedir em casamento esta noite. Você aceita?
(um sorriso)
-Claro.
-Quando voltar de sua viagem então você volta prá cá ou vamos para lá. Uma casinha, muitas crianças, muitos animais e muitas plantas.
-Combinado.
-Seremos sete. Casaremos em sete.Casaremos em dez. Não. Em doze. E nossos filhos serão filhos de todos nós, quando nós o tivermos.
"Porque me olhas assim?
porque me castigas?
triste
confuso...

decepcionado.

Já não sabes se queres o fogo
se desejas o fogo
tem que entender que é fogo
e não outra cousa
se não fogo.
Sabes que pode queimar
sabes que é só energia
Sabes também que aquece
e é intenso. Sempre.

Se o queres
se o amas
entende que é fogo
o ama como fogo
deixe-o ser fogo
e não desejai que seja outra cousa
se não fogo."




A mais bonita do bosque.
E fui descobrir semana passada.
Agora faremos um Sarau.
Em sua homenagem
e a nossa homenagem.
Comemoremos
todos nós
pois é tudo a mesma coisa
pena não descobri-la antes.
Comemoremos.




"Quando nasci era festa no céu
e era guerra também.
-Como na Terra.
O Sol estava na minha casa
no meio da tarde.
 -Escorpião.
Surge uma menininha
sem pedir
sem escolher
em meio ao caos do Céu
e o caos da Terra.
Prá ela a ascendência de Áries
e a Lua de Sagitário.
Porque ela vai precisar
-Ah menininha, se vai!
vai precisar
de muita força
força.
Coragem.
Olhos abertos.
Sensibilidade.
e principalmente 
armadura
e armas de Jorge."



- cras!
pisa em cima do corvo e então
-hodie!

Acendo a ti uma vela.
Grande general das causas impossíveis.
proteja todas essas almas ousadas
corajosas
impetuosas
apaixonadas.

O amanhã já é o hoje.
Um salve a nosso santo.
que o costumam chamar de
Expedito.
"E relembrando Rimbaud, a poesia não voltará a ritmar a ação.
São tempos de ordem da desordem e de confusão mental.
Para todos nós.
Não podemos ensejar a transformação se reproduzimos o que condenamos.
Sejamos a transformação. Então a verdadeira transformação.
Sejamos.
Sejamos antes de mais nada.

E a poesia passará a antecipar a ação."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

"...O Lotus que é uma das mais belas flores do mundo, nasce do lodo;
a lagarta, um bicho pequeno, que queima, entra no casulo para virar uma borboleta.
É esse o grande mistério produzido na Casa VIII, o da alquimia, da transformação da pedra em ouro, da mudança de energias ditas negativas em positivas, assim como a terra transforma excrementos em adubos.

No momento em que eu estou vivo e o mundo está vivo, tenho algo de bom para retirar do mundo e uma coisa boa para dar para o mundo, e isso acontece em todas as épocas e lugares diferentes, com unanimidade, entre todos."

Escorpião- casa VIII de Plutão

Onde o Sol está não é exatamente o que eu sou
mas é onde eu posso brilhar mais.
Ao mesmo tempo
todos os outros planetas estão em outros lugares
dentro do mesmo ser
e também brilham.
Como me atentou certa vez:
É bom lembrar que nem os astros tem a liberdade
de fazerem tudo o que querem

nem os astros tem a liberdade de fazer tudo o que querem.

domingo, 20 de junho de 2010

Despertai-vos
do sono da miséria
do sono das trevas
do sono da escuridão.
Olhai-vos para cima
Respire.
e respire.
Concentrem-se e sintam
Permitam-se sentir
não é  vosso eu, ego
simplesmente é

Despertai-vos!
Despertai-vos para vida
despertai-vos para viver
continum-fluxo-infinito.
O sorriso dela

Brilha linda irradia
é luz
é só luz
menina bonita.

Poema ao Zezinho

"Como se quisesse entrar dentro de mim
me procura
chega perto
e ronrona.
Procura a melhor posição
sempre minha boca.
Quer entrar pelos meus ouvidos
pelo meu nariz 
pelos meus poros.
Mordisca minhas bochechas, 
meu queixo
e ronrona.
Sente.
Sabe.
Sabe porque sente.
Faz porque sente.
É todo amor.
Só amor."
Li certa vez em algum lugar:
esquizofrenia seria se eu e Fernando Pessoa fôssemos a mesma pessoa.
Como não é
não sou.

E não somos a mesma Pessoa?
...E Fernando diz: Na noite de insônia, substância natural de todas as minhas noites, (...) relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

rene-magritte-a-memoria-1948



memória.
à Raquel.

O Sono
O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim —
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.

Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:
E o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.

O sono que desce sobre mim
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.

Há um som de abrir uma janela,
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar de defronte
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?,
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.

Meu Deus, tanto sono!...

Álvaro de Campos