quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sábado(25/10/2008) tem Lado C no SESC São Carlos (grátis!)


Uma doideira embromada, o refinamento da rusticidade, a essência e o excesso, a maturidade na linguagem, a radicalidade da festa. Esse é o Lado C, o resultado da soma de muitos talentos que se juntaram para fazer um som diferente, para mostrar um terceiro lado das coisas, ou o “o lado c” da música brasileira.

A banda formada por Daniel (vocal), Fábio (percussão), Fred (guitarra), Jow (baixo), Monana (bateria) e Pablo (guitarra) traz releituras de grandes nomes da música brasileira que são tidos como “malditos”, como por exemplo, Itamar Assumpção, Jards Macalé, Luiz Melodia, Tom Zé, entre outros. O vocalista performático Daniel expressa a energia do grupo com sua voz super afinada interpretando cada canção tocada como se eles mesmos as tivessem composto, de uma maneira muito particular e bem humorada. Os guitarristas Fred e Pablo possuem um feeling, uma pegada e um entrosamento almejado por vários grupos. A “cozinha” da banda (Fábio, Jow e Monana) não deixa a peteca cair, pelo contrário, nas músicas em que ela é convocada, dá conta do recado e até se sobrepõe, com uma batucada coesa, harmoniosa, marcante e sensata.

As músicas próprias se destacam pela originalidade, autenticidade, inteligência e sacadas de um refinado bom gosto que resultam no livre trânsito de muitas tendências e uma aglutinação de rifes e raças.

Lado C mistura samba com rock, baião com bebop e tocando choro rindo...

Lado C no MySpace

Lado C - SESC São Carlos
Sábado - 25/10/2008
15h00min
Grátis

Arte do Cartaz é do Monana(baterista do Lado C)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Onde está a esquerda?

Vai para três ou quatro anos, numa entrevista a um jornal sul-americano, creio que argentino, saiu-me na sucessão das perguntas e respostas uma declaração que depois imaginei iria causar agitação, debate, escândalo (a este ponto chegava a minha ingenuidade), começando pelas hostes locais da esquerda e logo, quem sabe, como uma onda que em círculos se expandisse, nos meios internacionais, fossem eles políticos, sindicais ou culturais que da dita esquerda são tributários. Em toda a sua crueza, não recuando perante a própria obscenidade, a frase, pontualmente reproduzida pelo jornal, foi a seguinte: “A esquerda não tem nem uma puta ideia do mundo em que vive”. À minha intenção, deliberadamente provocadora, a esquerda, assim interpelada, respondeu com o mais gélido dos silêncios. Nenhum partido comunista, por exemplo, a principiar por aquele de que sou membro, saiu à estacada para rebater ou simplesmente argumentar sobre a propriedade ou a falta de propriedade das palavras que proferi. Por maioria de razão, também nenhum dos partidos socialistas que se encontram no governo dos seus respectivos países, penso, sobretudo, nos de Portugal e Espanha, considerou necessário exigir uma aclaração ao atrevido escritor que tinha ousado lançar uma pedra ao putrefacto charco da indiferença. Nada de nada, silêncio total, como se nos túmulos ideológicos onde se refugiaram nada mais houvesse que pó e aranhas, quando muito um osso arcaico que já nem para relíquia servia. Durante alguns dias senti-me excluído da sociedade humana como se fosse um pestífero, vítima de uma espécie de cirrose mental que já não dissesse coisa com coisa. Cheguei até a pensar que a frase compassiva que andaria circulando entre os que assim calavam seria mais ou menos esta: “Coitado, que se poderia esperar com aquela idade?” Estava claro que não me achavam opinante à altura.

O tempo foi passando, passando, a situação do mundo complicando-se cada vez mais, e a esquerda, impávida, continuava a desempenhar os papéis que, no poder ou na oposição, lhes haviam sido distribuídos. Eu, que entretanto tinha feito outra descoberta, a de que Marx nunca havia tido tanta razão como hoje, imaginei, quando há um ano rebentou a burla cancerosa das hipotecas nos Estados Unidos, que a esquerda, onde quer que estivesse, se ainda era viva, iria abrir enfim a boca para dizer o que pensava do caso. Já tenho a explicação: a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, cobardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo. Por isso não se estranhe a insolente pergunta do título: “Onde está a esquerda?” Não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões.

José Saramago
(Publicado em
O Caderno de Saramago)

domingo, 5 de outubro de 2008

ENSINO A DISTANCIA. SOLUÇÃO?

03/10/2008 -
09h10

USP terá cursos de graduação a distância


JOSÉ ERNESTO CREDENDIOFERNANDA CALGARO
da Folha de S.Paulo

Um programa que envolve o governo de São Paulo e as três universidades estaduais paulistas --USP, Unesp e Unicamp-- pretende criar um sistema de ensino superior de graduação a distância, com ênfase na pedagogia, que prevê a abertura de 6.600 vagas já em 2009.

Segundo o secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, está definida a abertura de 5.000 vagas no curso de pedagogia, da Unesp, 700 de licenciatura em biologia e outras 900 de licenciatura em ciências, na estrutura da USP.

Esses números ainda podem sofrer mudanças.
O primeiro módulo do programa, conforme o plano, terá cursos de graduação para ampliar a oferta de vagas na formação de professores em áreas básicas, como línguas, física, química e biologia.

Somente na rede estadual de São Paulo, há 25 mil professores sem diploma superior --10% do total. O detalhamento do programa, chamado Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), vem sendo discutido desde 2007 por governo, universidades e outras instituições associadas, como a Fapesp e a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.

O governador José Serra (PSDB) disse que o projeto é "fundamental".
"É um instrumento novo, com um potencial grande, e nós temos que aprender, cada vez mais, a aproveitá-lo. Vai ser muito importante no ensino direto para os alunos, na formação de professores para complementar a sua formação universitária, na sua reciclagem continuada", disse.

Depois, o governo pretende expandir a Univesp para o sistema de gestão de ensino (cursos de capacitação oferecidos hoje pela rede estadual), além de cursos de especialização e de mestrado e doutorado.

A idéia, afirma Vogt, é criar uma rede virtual de ensino superior chancelada pelo prestígio acadêmico das estaduais. Por meio da rede, o aluno poderá receber aulas, consultar uma biblioteca virtual e acompanhar pela TV o material de apoio pedagógico.

O restante do programa pouco difere do ensino tradicional, com provas, aulas presenciais etc. "Teremos um canal aberto 24 horas que repetirá a programação a cada oito horas", afirma o secretário Vogt.

A grade curricular ficará a cargo das universidades.
O projeto prevê ainda bibliotecas e o uso da rede de unidades de ensino para as aulas presenciais -esse sistema, de acordo com o projeto, terá ao menos 70 pontos espalhados pelo Estado.

Instituto na USP

Na USP, a implantação dos cursos a distância de biologia e de ciências depende de aprovação de comissões internas.

Segundo Gil da Costa Marques, presidente da comissão na USP que debate o tema, outros institutos, como o de física, química e matemática, também foram procurados para propor a criação de cursos, mas a discussão ainda está no começo.
"A idéia é instalar laboratórios em carretas, que seriam levadas de um pólo a outro.
Os pólos seriam os campi da USP, na capital e no interior."

A USP também estuda a criação do IAE (Instituto de Aprendizado Eletrônico), que já está em estágio avançado.
A Folha teve acesso ao projeto, que ainda falta ser votado no Conselho Universitário. (CO a qual nós alunos não temos representantes!!!)

De acordo com o documento, elaborado por uma comissão formada em dezembro de 2007, o IAE vai permitir a criação de uma diretriz de ensino eletrônico e ampliar a oferta desse mecanismo.

Segundo Marques, o instituto daria suporte à Univesp e também coordenaria o uso de recursos tecnológicos nos cursos presenciais, dando suporte operacional, pedagógico e à produção do material didático.

O plano do IAE prevê cinco docentes e um corpo técnico, com custo anual de R$ 1,19 milhão --0,05% do orçamento da USP, de R$ 2,3 bilhões.

Na mão de um o que é de todos - os efeitos na educação

Primeira indústria de semicondutores da América Latina nasce em parceria com a Unesp


Jornal da Ciência (JC E-Mail)
Edição 3612 -
Notícias de C&T -
Serviço da SBPC


-Parceria entre Symetrix, dos EUA, e Grupo Damha, de São Carlos, terá investimento inicial de US$ 150 milhões para produzir memórias e sensores

A empresa norte-americana Symetrix Corporation e o Grupo Encalso-Damha decidiram instalar no Parque Ecotecnológico de São Carlos, em SP, no segundo semestre de 2009, a primeira indústria de semicondutores da América Latina.

A iniciativa contará com o suporte científico e tecnológico do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), vinculado ao Instituto de Química do campus de Araraquara da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Os dois grupos anunciaram essa decisão nesta quinta-feira, na Unesp, no Centro de SP. A nova indústria terá, em uma primeira etapa, investimentos estimados em US$ 150 milhões, com possibilidade de ampliação posterior para até US$ 1 bilhão, de acordo com Marco Aurélio Damha, sócio do Grupo Encalso-Damha.

A principal finalidade da nova indústria será a produção de memórias ferroelétricas, sensores de infravermelho para a indústria automotiva e também a instalação de uma fábrica de precursores químicos metalorgânicos para fornecimento de matéria-prima para memórias ferroelétricas, segundo Ricardo Castelo Branco, diretor comercial da joint-venture entre os dois grupos.

Transferência de tecnologia - “A fábrica será um catalisador para instalação de novas empresas de alta tecnologia, criando condições necessárias para o país entrar efetivamente na era da nanotecnologia”, afirma Marcos Macari, reitor da Unesp.

A Universidade participará do empreendimento com a transferência de conhecimento do processo de obtenção de memórias ferroelétricas e sua caracterização.

As aplicações das memórias ferroelétricas são várias, como em bilhetes para o transporte público, no controle médico de pacientes e na telefonia celular, além de facilitar o acompanhamento da arrecadação do ICMS. Essas memórias ferroelétricas têm vida útil de prazo indefinido e podem ser lidas e escritas por cerca de 100 trilhões de vez, segundo José Arana Varela, pró-reitor de Pesquisa da Unesp e docente do Instituto de Química.

Parceria - Fundada em 1986 e sediada nos Estados Unidos na cidade de Colorado Springs, no estado do Colorado, a Symetrix Corporation atua na produção de memórias não voláteis com aplicações eletrônicas, científicas, automotivas, médicas e industriais. Possui cerca de 200 patentes e atua também no desenvolvimento de sistemas e dispositivos para ambientes inteligentes e também de tecnologias, materiais e processos relacionados a semicondutores.

Sediado em São Carlos, o Grupo Encalso-Damha tem mais de 40 anos de atuação em diversos segmentos, como engenharia civil pesada, agronegócio, infra-estrutura urbana, shopping centers e concessões de rodovias.

O Instituto de Química do campus de Araraquara é uma das 32 Unidades da Unesp, que se encontram distribuídas por 23 cidades do estado de São Paulo, onde funcionam cerca de 1.900 laboratórios e 108 programas de pós-graduação e são oferecidas 169 opções de cursos de graduação.
(Assessoria de Comunicação da Unesp)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Reativação da 4ª Frota preocupa sul-americanos

Sucessão de coincidências justifica preocupação e estranheza dos países do continente com entrada em operação de força naval dos EUA

Enquanto países e instituições sul-americanos manifestam preocupação e estranheza com a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos, o governo de Washington garante que a unidade, que atuará nos mares que banham o continente, não tem características de ataque nem navios ou armamentos fixos, servindo apenas para ajuda humanitária.
A forte reação à iniciativa estadunidense deve-se à ocasião em que a medida foi anunciada e a uma série de coincidências.

Em primeiro lugar, descobertas de grandes reservas de petróleo distantes centenas de quilômetros do litoral brasileiro também foram divulgadas este ano. A dependência da economia dos EUA com relação ao petróleo é grande e a iniciativa militar em grandes produtores do combustível fóssil é amplamente conhecida, como no caso do Iraque. Mais ainda, hoje 50% das importações de petróleo dos Estados Unidos vêm da região, especialmente das reservas do México e da Venezuela, voltadas para o Caribe.

Venezuela, Bolívia e Equador têm presidentes que baseiam seus discursos em um forte sentimento antiamericano, acusando o governo de George W. Bush de tutelar a região. Para muitos, as declarações do venezuelano Hugo Chávez se aproximaram, nos últimos anos, às feitas pelo líder cubano Fidel Castro, histórico inimigo dos Estados Unidos. Na semana passada, o clima esquentou com a expulsão dos embaixadores americanos da Bolívia e da Venezuela. Os EUA responderam no mesmo tom.

Já o Equador dá mostras de que não vai renovar a licença para a instalação da única base aérea militar permanente dos EUA na América do Sul, na cidade portuária de Manta. O acordo expira em novembro de 2009 e o presidente Rafael Correa já disse que não vai prorrogá-lo.

As coincidências não param por aí. O anúncio do restabelecimento da Quarta Frota foi feito em 24 de abril, dias antes de os chefes de Estado da América do Sul assinarem, em Brasília, o protocolo de constituição da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Em maio, foi lançada pelo Brasil a idéia de criar um Conselho de Segurança da América do Sul, com apoio inclusive da Colômbia, principal aliada dos EUA no continente.

Diante dos questionamentos, foram muitas as reações de instituições como o Senado brasileiro e os parlamentos Amazônico (Parlamaz) e do Mercosul.

Um exército em alto-mar

Uma frota, ou frota naval, é uma grande formação de navios de guerra, equivalente, no mar, a um exército em terra. Geralmente é permanente e designadapara cobrir uma determinada massa de água, oceano ou mar.Os Estados Unidos usam números para nomear suas frotas. Atualmente, muitas delas, como a recriada Quarta Frota, são unidades administrativas que formam forças-tarefa para operações específicas.Ou seja, apesar de não ter, como anunciam os oficiais americanos, equipamentos ou navios fixos, quando em exercício, a Quarta Frota reunirá porta-aviões e submarinos, entre outrosnavios de guerra de grande porte, para patrulhar as águas do Atlântico e do Pacífico, da América Central à Patagônia. A Quarta Frota ainda não tem grande efetivo e sua instalação, por etapas, está programada para ser concluída até 2009.O contingente foi criado originalmenteem 1943 para patrulhar as águas internacionais próximas à América do Sul. Naquele ano, em meio à Segunda Guerra Mundial, diversas embarcações civis de países aliados dos Estados Unidos, inclusive do Brasil, foram torpedeadaspor submarinos e navios de guerra da Alemanha nazista.Com o fim da guerra e a concentraçãodos interesses dos Estados Unidos na Europa Oriental e na antiga União Soviética, nos anos da Guerra Fria, e, mais tarde, no Oriente Médio, sua instabilidadepolítica e suas grandes jazidas petrolíferas, não havia mais razão para manutenção da Quarta Frota, que foi desativada em 1950.A unidade voltou a operar nos mares da América Latina em 1º de julho deste ano. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou que a reativaçãoé apenas um ajuste operacional sem objetivos de ataque, que visa melhorar o combate ao narcotráfico, a assistência humanitária em caso de desastres naturais como furacões e a cooperação com as nações parceiras, inclusive em exercícios militares.A sede da Quarta Frota é a Estação Naval de Mayport, na cidade de Jacksonville,na Flórida. O comandante é o contra-almirante Joseph Kernan.

Fonte: Jornal do Senado