sábado, 27 de setembro de 2008

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

Bertold Brecht

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

QUERO QUE MORRAM. MAS NÃO DE QUALQUER JEITO

-Quero que morram, mas não de qualquer jeito.

Aqueles que investem na forma a qualquer custo, a qualquer jeito para tentar suprir as necessidades que a podridão, o fedor ácido do esgoto, o bolor que se faz a essência dessas pessoas não consegue dar conta.

A ação politicamente correta face a insensibilidade aos seres e extrema "sensibilidade" às coisas.

"Camaradagem? o que é isto? que coisa mais antiga, que conceito velho."

A linha invisível que separa o meu umbigo do seu, o meu limite de ego do seu limite do ego, que não faz mais do que a construção de "seres" cada vez mais mesquinhos, hipócritas,sujos, perdendo até as unhas ao agarrar seu status que ainda conseguem, se apropriar das coisas que ainda conseguem, o conforto que ainda conseguem.

COVARDES. FRACOS. MEDROSOS. PEQUENOS. POBRES. MEDIOCRES. VERMES. PARASITAS. VENDIDOS -e muito, mas muito muito baratos. a uma pechincha.

quero que morram. mas não de qualquer jeito. de preferencia afogados no seu próprio vômito, no seu próprio chorume que exala sempre que o limite do extremo egoismo tensiona com o da ação politicamente correta.

que morram entupidos a toda a merda do que se constitui e cativa como o seu próprio ser.

CLASSE MERDA. É DISSO QUE SE CONSTITUEM. CLASSE MERDA.

¡Justicia para nuestra hermana Marcella Sali Grace!

Oaxaca de Juárez, Oaxaca.
Jueves 25 de septiembre.

¡Justicia para nuestra hermana Marcella Sali Grace!

Hermanos y hermanas.

Nuestros corazones están llenos de tristeza y rabia porque nuestra hermana Sali fue violada y asesinada brutalmente a 20 minutos de San José del Pacífico y hasta este momento la procuraduría de Oaxaca como es su costumbre no esta haciendo nada a pesar que existen testigos que dan indicios para identificar a los responsables.
Marcella Sali Grace nació en los Estados Unidos, con un corazón grande y solidario con las causas justas quien tenía muchas amigas y amigos porque siempre estaba dispuesta a ayudar, así con sus dotes de artista pintaba una manta o una pared o bailaba su danza árabe para sacar fondos para la lucha, o hacía sus conciertos con bandas de punks, o daba sus cursos de defensa personal a las mujeres pues conocía muy bien como los hombres las acosan, ésta era una de sus luchas, el que las mujeres fuéramos libres y respetadas, Sali estaba tan comprometida en la lucha que fue acompañante internacional de hermanos y hermanas que están siendo hostigadas por el mal gobierno de Ulises Ruiz Ortiz.

Desgraciadamente este 24 de septiembre fue encontrado el cuerpo de una mujer con las características físicas de Sali, en una cabaña deshabitada a veinte minutos de la población de San José del Pacífico y al momento en que un poblador fue a alimentar a unos perros que se encontraban por ahí, lo impresionó un olor fétido que provenía de dicha cabaña y dio aviso a las autoridades municipales de dicha población, los cuales procedieron a hacer el levantamiento del cuerpo que se encontraba ya en estado de putrefacción, y después de dichos sucesos, no se dio mas información a los pobladores.

El día de ayer se le dio aviso a la compañera Julieta Cruz (quien tenía conocimiento de que Sali se dirigía para dicho lugar), que una joven extranjera se encontraba en el anfiteatro de Miahuatlán, a donde ella se dirigió, en dónde reconoció el cuerpo de Sali debido a los tatuajes que tenía, ya que su rostro estaba irreconocible, la compañera supone que es debido a quemaduras, pues no se explica por qué el resto del cuerpo tiene daños visiblemente menores. Al momento en que pedimos el número de averiguación se nos fue negado al igual que los resultados de la necropsia, argumentándonos que debido a que no éramos familiares de la persona no se nos podría facilitar ningún dato.

Debido al trabajo solidario con la lucha popular del pueblo de Oaxaca, de otras luchas del mundo y contra el racismo en la frontera de México con Estados Unidos, en diversas ocasiones y a diferentes personas, Sali comentó que en Oaxaca, en fechas recientes sufría de persecución política y vigilancia. Esto nos hace pensar que su cobarde asesinato tiene relación con la represión generalizada a los movimientos sociales y dirigida particularmente a los observadores internacionales. Por esto mismo no descartamos que los actores intelectuales sean los mismos que ordenan la represión contra el pueblo de Oaxaca que lucha por justicia y libertad.

Ante estos hechos sangrientos, y por la brutal crueldad que ejercen sobre la compañera Sali, no dejamos de lado que puede ser un claro mensaje dirigido a todo el pueblo de Oaxaca, así como a los compañeros solidarios de diferentes partes del mundo; esto lo decimos basado en las recientes noticias que están circulando a nivel nacional e internacional, de que “los appistas son los que mataron al periodista norteamericano Bradley Roland Will” y como no hay justicia en Oaxaca, nos preocupa la distorsión de la información que pudiera interferir en la procuración de una verdadera justicia para nuestra compañera y la ya evidente lentitud burocrática con la que están tratando el caso las autoridades actualmente implicadas en la investigación.

Ante estos hechos lamentables EXIGIMOS:


La inmediata agilización de las investigaciones.

El esclarecimiento inmediato de los hechos.

El castigo a los asesinos intelectuales y materiales.

¡Justicia para nuestra hermana Marcella Sali Grace!

¡Basta de asesinatos, violencia y odio contra las mujeres que luchan por justicia!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não desejarás!

Não desejarás a mulher do próximo!...

... e a mulher do próximo, pode me desejar?

E se desejo o próximo ou ele me deseja?

E se o próximo não deseja a mulher dele?

E se a mulher do próximo não deseja ele?

E se os três nos desejamos?

E se ninguém deseja ninguém?

E se minha mulher deseja a mulher do próximo?

E, por que não... o próximo?

E se o próximo deseja minha mulher?

E se eu desejo a minha mulher e a do próximo?

E se ambas me desejam?

E se... todos nos desejamos?...

Sempre aparecerá alguém para dizer: "vamos parar por aí!... não desejarás!... e ponto final!"

Sérgio Kohan

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

BANDITISMO POR UMA QUESTÃO DE CLASSE - chico science

Há um tempo atrás se falava de bandidos
Há um tempo atrás se falava em solução
Há um tempo atrás se falava e progresso
Há um tempo atrás que eu via televisão
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabiluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabiluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Oi sobe morro, ladeira, córrego, beco, favela
A polícia atrás deles e eles no rabo dela
Acontece hoje e acontecia no sertão
Quando um bando de macaco perseguia Lampião
E o que ele falava outros hoje ainda falam
"Eu carrego comigo: coragem, dinheiro e bala"
Em cada morro uma história diferente
Que a polícia mata gente inocente
E quem era inocente hoje já virou bandido
Pra poder comer um pedaço de pão todo fudido
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabiludaBiu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
Não tinha medo da perna cabiluda
Biu do olho verde fazia sexo, fazia
Fazia sexo com seu alicate
Oi sobe morro, ladeira, córrego, beco, favela
A polícia atrás deles e eles no rabo dela
Acontece hoje e acontecia no sertão
Quando um bando de macaco perseguia Lampião
E o que ele falava outros hoje ainda falam
"Eu carrego comigo: coragem, dinheiro e bala"
Em cada morro uma história diferente
Que a polícia mata gente inocente
E quem era inocente hoje já virou bandido
Pra poder comer um pedaço de pão todo fudido
Banditismo por pura maldade
Banditismo por necessidade
Banditismo por pura maldade
Banditismo por necessidade
Banditismo por uma questão de classe!
Banditismo por uma questão de classe!
Banditismo por uma questão de classe!
Banditismo por uma questão de classe!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

video dos estudantes da FSA sobre o PDI.

http://www.youtube.com/watch?v=-vnQS_IBeA8

Porque ainda insistimos nisso?

Apesar de ser a Folha, os dados que ela traz são interessantes.
Alguem ainda acredita que a solução está aqui?
"...Então, todo programa que erradique a pobreza e ajude às famílias a dependerem menos da força de trabalho da criança e toda política que aumente a oferta e a qualidade da educação são bem-vindas", afirma o especialista.
"Ou que no minino uma bolsa-familia" realmente resolva a questão?
Essa é a opinião senso comum, a opinião de uma classe que sua existencia está NECESSARIAMENTE atrelada a existencia desses dados que vocês estão vendo.
Por isso, quanto mais a questão se acirra, mais essa classe se beneficia e como consequencia, NECESSITA de MENTIRAS, MISTIFICAÇÕES para que haja uma verdade ÚNICA, a qual não seja contestada.
A qual não seja contraditória.
A qual seja a mais natural.
A verdade que nos diz que "no pé que a gente tá, não há nada que possamos fazer".
Ou mesmo, "quem sou eu para mudar um sistema tão forte e dominante"?
Essa verdade é aquela que não nos permite sonhar.
não nos permite criar.
não nos permite SERMOS livres humanamente.
É aquela que nos faz acreditar que somos passivos diante da situação, quando ESCONDE que toda essa desgraça acontece, mas não acontece por entidades superiores, mas sim, por HOMENS.
E também que nem sempre foi assim.
E foram HOMENS que mudaram.
E também que são os HOMENS que é que mudam.
E esses HOMENS somos nós.
Sempre SUJEITOS, que reproduzimos sim, conservamos sim.Mas também TRANSFORMAMOS.
Diante disso, até quando iremos engolir MENTIRAS??
Falsidades??
Mistificações???
Quando é que SEREMOS no sentido mais humano e mais amplo dessa palavrinha?
Até quando o que nós somos será o que uma pequena classe determina para seu beneficio próprio custas ao resto do mundo?
Eu não quero ser boba.
Eu não quero passar uma vida para ser bem sucedida.
Não quero ter um padrão para pensar.
Não quero ter um padrão para escrever.
Não quero ter um padrão para me vestir.
Não quero ter um padrão de sentimentos para cada pessoa ao meu redor.
Não quero acreditar que o massacre na Bolivia é por oposição e governo.
Não quero acreditar que o Lula luta pela causa dos trabalhadores.
Não quero acreditar que os cursos a distâncias vão resolver o problema da educação no Brasil.
Não quero acreditar que os trabalhadores da cana morrem de fadiga por falta de banana e sal. Não quero achar normal fechar o vidro do carro quando uma criança pobre pede dinheiro.
Não quero acreditar que a classe média é a maioria da população.
Não quero acreditar na Mirian Leitão.
Não quero acreditar que a poluição e os agrotóxicos que respiro e como todo dia não me fazem mal, ou que é normal, que faz parte.
Não quero acreditar que está tudo bem.
NÃO QUERO ACREDITAR QUE NÃO POSSO FAZER NADA.
Não pode ser possível isto.
Não posso acreditar ser normal, por exemplo, ter um carro, um chip, um tenis às custas de centas de vidas exploradas e destruidas.
Alguém ainda acredita?

1,2 milhões de CRIANÇAS SÃO VÍTIMAS DE EXPLORAÇÃO

18/09/2008 - 10h00
Trabalho infantil no Brasil cai pouco e ainda há 1,2 milhão de crianças vítimas de exploração
Fabiana Uchinaka Do UOL Notícias Em São Paulo
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Perfil do trabalhor mirim:
Meninos negros ou pardos, de famílias de baixa renda, que moram em áreas rurais do Norte-Nordeste, freqüentam a escola e trabalham no contraturno.A questão do trabalho infantil no Brasil ainda é dramática: mais de 1,2 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 13 anos ainda eram vítimas de exploração em 2007, segundo levantamento da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) divulgado nesta quinta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Mas, apesar do número alarmante, a incidência de crianças trabalhadoras caiu de 4,5% da população desta faixa etária, em 2006, para 4%, em 2007. Ou seja, 171 mil delas deixaram de trabalhar. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos.Para Renato Mendes, gerente do Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a queda no índice da exploração é significativa, embora não haja motivo para contentamento. "A redução ainda é tímida e lenta perto do que o Brasil pode reduzir. E se não houver um trabalho constante, o trabalho infantil pode voltar a crescer", afirma. Ele destaca que a melhora nos indicadores é resultado das políticas públicas. "Não só do Bolsa Família ou dos programas do governo federal, mas também daquilo que os municípios, os Estados e a sociedade civil fazem".
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Jovens sem carteira assinada engordam a estatística da exploração infantilOs dados da Pnad revelam ainda que os meninos negros ou pardos, de famílias de baixa renda (até um salário mínimo) e que moram em áreas rurais do Norte-Nordeste formaram o perfil médio do trabalhador mirim. Mais da metade das crianças de 5 a 13 anos morava no campo e, consequentemente, 60,7% delas trabalhavam em atividades agrícolas. Entre jovens com mais de 14 anos, a proporção de pessoas no trabalho agrícola cai para 32%.
Infográficos
Veja a evolução dos principais indicadores da Pnad nos últimos anos
Pnad 2007: os domicílios brasileiros, a infra-estrutura básica e os bens de consumoOs mais novos foram as principais vítimas do trabalho sem remuneração (60%), sendo que, em todas as regiões do país, a presença de crianças trabalhando sem qualquer tipo de contrapartida foi muito mais incidente nas atividades agrícolas (83,6%) do que nas não-agrícolas (18,7%).Quase metade das crianças ocupadas de 5 e 13 anos (44,2%) trabalhou até 14 horas por semana e 6,6% delas chegaram a ter uma jornada de 40 horas ou mais. Apesar disso, 94,7% delas também foram à escola, praticamente a mesma porcentagem obtida entre as crianças que não trabalhavam (95,7%)."Na década de 90, o trabalho infantil era contraditório com a escola, porque não havia uma oferta educacional como há hoje. Agora ele convive paralelamente, as crianças trabalham no contra turno", explica o especialista da OIT.Ir à escola não significa educação de qualidade ou aprendizagem. Mendes ressalta que a criança gasta suas energias no trabalho e não no seu desenvolvimento e isso contribui para que a educação no Brasil esteja em um patamar baixo. "As avaliações do Ministério da Educação (MEC) mostram que os municípios com maior taxa de trabalho infantil respondem por menores Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)", diz.
Como a sociedade pode ajudar a acabar com o trabalho infantil?
Apesar da queda no número de trabalhadores infantis, ainda 1,2 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos são vítimas de exploração no Brasil
OpineEntre os jovens de 14 a 17 anos, a situação é outra. Nessa faixa etária, 88,9% dos não-ocupados vão à escola, contra 74,9% dos trabalhadores. "O governo federal está no caminho certo, mas precisa ser mais contundente no combate às formas de trabalho infantil mais resistentes: na agricultura familiar, no trabalho doméstico e no trabalho informal urbano. Na agricultura familiar, por exemplo, toda a família precisa arregaçar as mangas para poder sobreviver de forma digna. No trabalho urbano, as crianças das periferias vendem bala no semáforo, no comércio informal, nas feiras. Então, todo programa que erradique a pobreza e ajude às famílias a dependerem menos da força de trabalho da criança e toda política que aumente a oferta e a qualidade da educação são bem-vindas", afirma o especialista.Trabalho infantil nos Estados do SulOs Estados do Sul se destacam pela concentração de trabalho infantil, apesar dos bons índices socioeconômicos sempre apresentados por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Renato Mendes explica que na região existe uma forte influência da cultura herdada dos imigrantes, de valorização do trabalho até mais do que do estudo. "Eles acham que é melhor criança trabalhando do que na rua. Mas não percebem é que esse tipo de criação, essa tentativa de segurar a criança no campo, faz com que os jovens fujam para a cidade quando conquistam a mínima autonomia".
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Mulheres estudam mais que homens, mas ainda têm mais dificuldade de encontrar ocupação
Um em cada 10 brasileiros com mais de 15 anos ainda não sabe ler e escrever
Defasagem escolar atinge 30% dos estudantes do ensino médio
Analfabetismo cai no Brasil, mas ainda é um dos piores da América Latina
Pesquisa aponta queda no número de estudantes no Brasil; nível de escolaridade sobe
Renda média no Centro-Oeste ultrapassa Sudeste e é a maior do país
Renda no Centro-Oeste sobe com setor agrícola, funcionários públicos e militares
Desigualdade cai no país e aumenta só no Centro-Oeste
Renda sobe pelo 3º ano seguido, mas ainda é inferior à de dez anos atrás
Pela primeira vez, 50% dos trabalhadores contribuem para a previdência

Camponeses e militantes pró-Morales são assassinados na Bolívia

INFORME Camponeses e militantes pró-Morales são assassinados na Bolívia A crise na Bolívia tem ocupado bastante espaço na mídia nacional, sobretudopela possibilidade de corte do fornecimento de gás natural ao Brasil. Mas asituação é muito mais grave do que tem aparecido. Houve massacre decamponeses na Província de Pando, fronteira com Brasil e Peru, como muitobem relata a nota emitida pela Secretaria de Direitos Humanos da DioceseAnglicana de Brasília (leia abaixo). O massacre, porém, é citado pelaimprensa como confronto entre governistas e oposicionistas. Mais grave aindaé que governadores de Beni, Tarija e Santa Cruz, também estados de oposiçãoa Morales, querem imputar o massacre às tropas do Exército a serviço deMorales, como noticiou a Folha de São Paulo de sábado, 13 de setembro. Após o assassinato de cerca de 30 camponeses na noite da última quinta-feira,11 de setembro, por ordem de Leopoldo Fernández, governador de Pando, ogoverno de Evo Morales decretou estado de sítio no Estado. Entretanto,Fernández aceitou o decreto somente ontem, 14 de setembro, permitindo, aentrada do exército boliviano no Estado. De acordo com depoimentos demoradores da região e de sobreviventes do ataque, o governador de Pandocontratou mercenários e narcotraficantes do Peru e do Brasil para atuar noconfronto. Fernández nega a acusação, mas admite que grupos armadosparticiparam do massacre dos camponeses. O governo boliviano prometeu na noite deste domingo, condenar LeopoldoFernández a 30 anos de prisão por crimes de lesa humanidade. O vice-ministroda Coordenação com os Movimentos Sociais da Bolívia, Sacha Llorenti,declarou que esse crime não ficará impune, “Quero deixar absolutamente claroque este caso não vai cair na impunidade, porque vamos mostrar que asinstituições do Estado boliviano funcionam e que Leopoldo Fernández terá umasentença de 30 anos sem direito a indulto pelos crimes que cometeu”. Llorenti afirmou, ainda, que o crime foi premeditado e planejado já que osprincipais alvos dos pistoleiros eram os dirigentes dos camponeses, e quasetodos os mortos receberam os tiros na cabeça e no coração. Leopoldo Fernández é político de extrema direita, membro do Podemos,principal partido de oposição ao governo Morales, e integrou o segundogoverno do general Hugo Banzer Suárez (1997-2001). Leia abaixo a Nota da Secretaria de Direitos Humanos da Diocese Anglicana deBrasília: SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA DIOCESE ANGLICANA DE BRASÍLIA
MATANÇA DE CAMPONESES EM PORVENIR, BOLÍVIA Porvenir é um povoado situado a 30 km da cidade de Cobija, capital doDepartamento de Pando na Bolívia, um dos cinco estados que se rebelaramcontra o Governo Central daquela república. Ali ocorreu, no dia 11 desetembro, o que tem sido considerado o pior massacre da Bolívia em seuperíodo democrático. Trinta camponeses mortos já foram contados, e secalcula que tenham ocorrido pelo menos mais 20 mortos, além de dezenas deferidos. Homens, mulheres e crianças, inclusive mulheres grávidas e idosos. Segundo uma série de entrevistas ao vivo com sobreviventes, realizadas pelarede de rádio comunitárias boliviana “Red Erbol”(http://www.erbol.com.bo/index.php), na noite do dia 11, cinco veículos comcamponeses se dirigiram, desarmados, a um “ampliado” governamentalconvocados pela federação de camponeses para a localidade de Filadelfia, poruma estrada no meio da mata. Às 8h30 do dia 12, eles foram retidos, ainda naestrada, por um destacamento da polícia estadual de Pando. Os policiaisdetiveram-nos ali, despistando-os por cerca de três horas; pouco depois das11 horas, surgiram subitamente veículos contendo de 30 a 50 paramilitaresarmados de fuzis, revólveres, escopetas e metralhadoras, e foram logoatirando nos camponeses surpreendidos. A polícia se retirou, e os camponesesque não tombaram tentaram fugir pela mata, perseguidos pelos paramilitares.Quando estes os alcançavam, derrubavam-nos e matavam-nos a sangue frio.Alguns, mesmo feridos, conseguiram chegar a um rio próximo e jogaram-se naságuas. Mesmo assim, os assassinos os metralharam, e muitos morreram nestascircunstâncias. Os paramilitares, ligados ao prefeito (governador) do Estado de Pando Sr.Leopoldo Fernandez e ao “Comitê Cívico” estadual mataram indiscriminadamentemulheres grávidas, idosos e crianças, segundo relatos feitos na rádioeducativa captados aqui em Brasília via internet. Os veículos dos camponesesforam queimados e seus pertences roubados. Não houve nenhuma resistência porparte dos camponeses, que foram surpreendidos na operação. A políciaestadual a tudo assistiu sem tomar providências, e a matança prosseguiu atécinco horas da tarde. Muitos corpos estão ainda no meio do mato e no rio; e as autoridadesestaduais rebeladas contra o governo central não estão permitindo a entradade socorro na área. Organismos de diferentes instituições têm tentado chegarao local, mas as autoridades estaduais vedam o aceso à área do conflito eimpedem que entrem na cidade. Muitos feridos têm se dirigido aos hospitais,e outros não tiveram coragem de procurar ajuda por medo de serem mortos,pois não existe nenhuma segurança na cidade, que vive uma situação de caos,sem policiamento, onde mesmo os feridos continuam sendo ameaçadosimpunemente, e a população se recolhe as suas casas temendo os saques queocorrem com freqüência. A Secretaria de Direitos Humanos da Diocese Anglicana de Brasíliasolidariza-se com as famílias dos falecidos; pede paz, justiça,solidariedade e diálogo na Bolívia; conclama a todos e todas paraprotestarem contra esse ato de barbárie perpetrado pelas autoridades doDepartamento de Pando e seus grupos paramilitares protegidos; e exige que asautoridades brasileiras detenham o Sr. Leopoldo Fernandez e outras pessoasresponsáveis por esse crime caso entrem em território nacional, para quepossam ser processados e julgados por crime contra a humanidade. Brasília, 14 de setembro de 2008Paulo Couto Teixeirasecretáriofraternidade@solar.com.br Assessoria de ComunicaçãoComissão Pastoral da TerraSecretaria Nacional - Goiânia, Goiás.Fone: 62 4008-6406/6412/6400www.cptnacional.org.br

terça-feira, 2 de setembro de 2008



"...Ás vezes uma imagem explica mais do que mil palavras..."

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

UM SÉCULO DE FALSIFICAÇÕES

Educação: da crise à euforia, João Batista Araujo e Oliveira

Mascarar a gravidade da situação da educação dificilmente ajudará.
Sugerir que estamos a caminho do sucesso é puro ilusionismo

João Batista Araujo e Oliveira é psicólogo, doutor em educação, presidente do Instituto Alfa e Beto, foi secretário-executivo do Ministério da Educação.

Artigo publicado na “Folha de SP”:
Estranho país, o nosso.
Em 2006, pela primeira vez na história, um ministro da área reconheceu publicamente que a qualidade da educação brasileira era deplorável, ao apresentar os resultados da Prova Brasil.
Nos últimos dias, no entanto, deu-se o inverso.
E a propaganda oficial contribuiu para isso.
Confundem as sombras com a realidade.
Estamos na caverna de Platão.
Em edições recentes das revistas semanais, o governo apresentou uma curva de fazer inveja a Huff e Geis, autores do já quarentão "How to Lie with Statistics" (como mentir usando estatística).
Vejamos os dados, depois, as implicações.
O Ideb, indicador oficial do desempenho da educação brasileira, mistura taxas de aprovação com notas dos alunos, aferidas pela Prova Brasil.
Embora seja relevante melhorar as taxas de aprovação, o indicador de qualidade deveria se refletir, isso sim, nas notas.
Somente esse índice serve para comparar nossos resultados com os do Pisa.
Qualquer pessoa medianamente versada na matéria sabe distinguir flutuações estatísticas de tendências.
No caso da Prova Brasil, com um desvio padrão que pode variar de 40 a 50 pontos, flutuações inferiores a seis pontos para mais ou para menos, como vem ocorrendo ao longo dos últimos 15 anos, representam pouco mais do que meros ruídos.
Seriam relevantes se fossem consistentes.Ao longo da série histórica de sete aplicações da prova, sempre tivemos flutuações nas provas de português e matemática das três séries avaliadas.
Em 1997, houve quatro flutuações negativas; em 1999, foram seis; cinco, em 2001; uma, em 2003; e quatro, em 2005.
Em 2007, todas as flutuações foram positivas.
Do total de 20 mudanças negativas, 13 foram inferiores a seis pontos.
A única alteração relevante, em 2007, deu-se nos resultados de matemática na quarta série (11 pontos), o que, certamente, não pode ser justificado por uma política específica para a área.

Explicações plausíveis seriam a maior homogeneidade na idade dos alunos (pela eliminação dos de maior idade, no geral com pior desempenho) e o fato de os resultados de matemática serem bastante inferiores ao de língua portuguesa, o que facilita a conquista de melhor patamar.Já no indicador geral do Ideb, houve mudança de quatro décimos nos resultados da quarta série, um décimo nos resultados da oitava série e nenhuma mudança nos resultados do ensino médio. Exceto no ano de 1999, em que houve queda mais acentuada, os dados não sugerem nenhuma tendência -apenas flutuações em torno de patamares medíocres.
O gráfico usado na propaganda oficial comete duas violações graves.
Primeiro, apresenta como descendente praticamente tudo o que vem antes de 2003.
Os dados não suportam essa representação. Segundo, aponta como ascendente tudo o que vem a partir de 2005 -e apresenta como se fosse uma tendência.A maior manipulação, no entanto, se dá na inclinação das curvas e no tamanho dos degraus da caminhada rumo ao mundo desenvolvido.
Esse apelo da propaganda oficial pode prestar um enorme desserviço ao corajoso trabalho de convencimento que o ministro da Educação vem fazendo sobre a gravidade do problema educacional.
Entende-se que prefeitos e autoridades estaduais tenham comemorado pífias melhorias do Ideb, de resto apoiadas essencialmente em alterações nas regras de promoção.
Do total de 84 Idebs -são 26 Estados com três Idebs cada-, apenas 14 apresentaram mais de 5% de melhora.
Desses, 12 estão em Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde é muito mais fácil melhorar pelo simples fato de que os dados de base são muito baixos.A
experiência internacional é cheia de ensinamentos a respeito dos ingredientes de como se deve fazer uma reforma da educação e as condições básicas de sucesso.

A formação de um consenso sobre os problemas é um primeiro passo essencial.
Antes de consolidar essa convicção, já começamos a nos iludir.
Quando Huff e Geis publicaram seu livro, há mais de 40 anos, o objetivo era alertar o leitor para os perigos das manipulações estatísticas.
Em 2006, o Brasil deu um passo avante para iniciar uma reforma da educação.
Agora, deu dois passos para trás.
Mascarar a gravidade da situação dificilmente contribuirá para avançar na formação de consenso na área.
Sugerir que já estamos a caminho do sucesso é puro ilusionismo.

(Folha de SP, 1/9)